segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Better Days

Podia ser apenas mais um dia de chuva. O tempo fechado com aquelas nuvens escuras indicava que ia se manter assim por mais algumas horas. Eu não tinha certeza se era uma simples garoa grossa ou uma tempestade calma, mas na certa que eu sairia mesmo assim. Os solados dos calçados entravam em contato com a água conforme eu saia de casa, por mais que ali fosse o lugar mais seguro para eu ficar, eu não precisava de tudo isso, eu só queria me sentir seguro e não estar seguro. Caminhei sem olhar para trás, esperando que aquele momento fosse resolver todos os meus problemas, que aquela chuva, pura e fria, fosse abrir meus olhos para dias melhores. Eu estava muito otimista, mas não podia cair na tentação, aquilo ainda não era real e eu precisava manter meus pés presos ao solo daquele local encharcado de água.
Minha roupa úmida já transferia toda sensação gélida para minha pele, eu ainda não estava tremendo, pois caminhava tão rápido que sentia o choque de meu corpo com o calor que aqui se criava, e mesmo assim, sentia os 3° graus acima da escala Celsius batendo de frente com o meu rosto. A rua estava vazia, eu trilhava o asfalto sem medo de ser barrado por algum automóvel, não tinha ninguém ali. Eu tinha consciência daquela imprudência, estava me arriscando, poderia pegar alguma gripe ou algum tipo de doença com o mesmo gênero, mas certamente era preciso, queria sentir o gostinho de passar o dia na chuva, nem que esse fosse meu último dia de vida.
E ao contrário de filmes, onde sempre se ouve a trilha sonora do protagonista, enquanto o mesmo corre desesperadamente por toda a cidade em busca de sua amada, ali, no real, só consegui ouvir o barulho de cada gota caindo em queda livre sobre o chão, na verdade várias que em conjunto se transformava em uma grande sinfonia. Algo inexplicável onde só poucos devem ter reparado.
Por fim, eu acabei parando, já não fazia mais questão de prosseguir, estava satisfeito aonde tinha chego ou pelo menos estava conformado com a minha insanidade. Ergui o rosto com a respiração profunda e notei que o tempo ganhava forma, as nuvens mais claras tomavam espaço e as gotas da chuva perdiam a intensidade. Até em meios a grande cortina de nuvens dava para notar a luta dos raios solares tentando ganhar palco. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios, eu dei meia volta e segui devolta para casa.

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