
O clima nortuno sempre foi muito imprevisível, eu não sabia como administrá-lo de certa forma. O céu ganhava forma, as estrelas desenhavam diversas figuras que minha cabeça tentava distinguir, mas muitas das tentativas se tornavam em vão. Levantei receioso e segui na direção do banco que estava bem atrás de mim, peguei minha mochila e tomei o rumo da rua principal. Até a minha respiração tinha sofrido alteração, eu sentia a falta de algo, algo que estava agora pouco comigo, mas que pelo acaso não estava mais. Isso me deixava aflito, um tanto impaciente, mas eu não tinha o que fazer, apenas ter que compreender.
Olhei para os lados e notei a presença de algumas pessoas, todas com uma aparência alegre. Isso era estranho pra mim, como poderia vê-las animadas se eu não estava? E pior, toda aquela animação só me deixava mais para baixo. Era frustante. Segui de cabeça baixa e então parei pra pensar sobre o dia que havia passado. Simplesmente incomparável. Eu sabia que podia estar exagerando, mas eu tinha que pensar positivo, tinha que acreditar. Era necessário.
Um sorriso suave surgiu em meu rosto conforme eu andava, nem reparei, mas as lembranças me davam essa chance de alegria. Foi então que caiu a ficha, eu estava mesmo sentindo falta, falta do dia que havia passado, falta daquele sol que havia me fisgado sem intenção, falta daquele espaço que eu conquistei sem ter que machucar alguém, mas a noite me tomara sem falar nada. Tudo agora fazia sentido, o quebra-cabeça estava montado. O importante era saber que amanhã eu estaria lá, mais uma vez, pois cada dia se tornava essencial quando se tinha sol.